A mistificação do "casamento" gay - 1
O casamento, instituição social mais antiga que a invenção da escrita, tem sido submetido, nos últimos cento e cinquenta anos – mas sobretudo nas últimas décadas -, a um ataque sistemático e sem precedentes. A regra “para cada criança um pai e uma mãe”, que vem do código de Hamurabi e fundamenta a importância social do casamento, vem sendo paulatinamente enterrada pelo individualismo egoísta que só considera a liberdade dos adultos.
O ataque ao casamento e a valorização da “relação pura”, baseada exclusivamente no amor e na vontade dos parceiros, tem vindo a ser prosseguido de duas formas:
Em primeiro lugar, através de sucessivos passos jurídicos, vem-se equiparando cada vez mais as uniões de facto ao casamento, num movimento absurdo que leva pessoas que rejeitaram a institucionalização da sua relação verem-na ser alvo da intervenção, cada vez mais reguladora, do Estado.
Em segundo lugar, tornando o casamento tão “descomprometido” e tão fácil de dissolver como uma união de facto.
Até que as diferenças desapareçam por completo e o casamento se torne socialmente irrelevante.
Curiosamente, o casamento gay é apenas mais uma etapa neste processo. É ver os maiores críticos da família (instituição burguesa e caduca) e do casamento (essa prisão da mulher, essa masmorra em que fenece a liberdade individual), serem os seus maiores defensores.
O debate em Portugal tem sido miserável. A pobreza de argumentos aflitiva. Contra as trombetas da rapaziada fracturante, apenas se levantam meia dúzia de vozes tímidas da direita conservadora e católica.
O terror ideológico do politicamente correcto afecta a sociedade de alto a baixo. Ser contra o casamento gay é descriminar uma minoria, é ser homofóbico, é ser desumano, é ser contra o progresso, é ser doente ou mesmo ser aberrante. Pois não é verdade que o casamento só tem que ver com o amor entre duas pessoas e nada tem a ver com a criançada? Até velhinhos inférteis se podem casar, não é verdade?
Mas expliquem-me lá: - Quebrada a barreira, até onde deslizará o conceito de casamento? Que me impedirá de reivindicar o direito a casar com dois homens e três mulheres? Ou a maioria monogâmica (desta vez composta por hetero e homossexuais mais conservadores) continuará a impor um modelo, porventura caduco, de relação a dois? Que impedirá cinco pessoas de quererem casar em grupo e criar filhos (deles ou adoptados) em conjunto? Se uma criança pode ter duas mães e zero pais, ou dois pais e zero mães, porque não duas mães e cinco pais? Que me impedirá de alugar uma barriga e ter um filho só meu, sem mãe?
Quem considera absurdas estas hipóteses talvez tenha o seu olhar cheio de preconceito…ou de ingenuidade.
Vejamos o que diz a Declaração Universal dos Direitos Humanos, já que de direitos querem que tratemos. Em praticamente todos os artigos fala dos direitos da pessoa ou do indivíduo. Mas o que diz o seu artigo décimo sexto? Diz assim, no número um:
- A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais.
- A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à protecção desta e do Estado.
E que tal se discutíssemos isto a sério, antes de nos tornarmos à pressa o 8º país do casamento gay? Afinal de contas, em 185 países e 45 estados dos EUA o casamento mantém-se reservado a pessoas de sexo diferente.
Etiquetas: adopção, casamento, homossexual, politicamente correcto